O quinteto espalhou a magia do futebol bonito e ofensivo por 18 países das Américas, Europa, África e Oriente Médio

O quinteto espalhou a magia do futebol bonito e ofensivo por 18 países das Américas, Europa, África e Oriente Médio

No dia 19 de abril de 1960, uma terça-feira, em jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo, o Santos reuniu pela primeira vez o Ataque dos Sonhos no campo. A partida terminou empatada em 2 a 2, mas o Alvinegro ganhou o verso mais recitado do futebol: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Naquele dia um público inferior a novecentas pessoas foi assistir a Santos e Portuguesa de Desportos, no Pacaembu. O técnico Lula formou o Peixe com Laércio, Feijó, Mauro e Zé Carlos; Calvet (depois Formiga) e Zito; Dorval, Ney (depois Mengálvio), Coutinho, Pelé e Pepe.

No primeiro tempo a partida seguiu equilibrada. A Portuguesa manteve um bom volume de jogo exigindo o reforço de Zito no sistema defensivo. Ao perder a ligação da defesa para o ataque, o Santos permitiu o domínio da Lusa no meio-campo que aproveitou e abriu o marcador com Ocimar. O Santos reagiu e empatou ainda no primeiro tempo com gol de Ney depois da cobrança de falta de Pepe.

A virada santista aconteceu no segundo tempo. Lula tirou o atacante Ney e entrou Mengálvio no seu lugar. A troca permitiu, pela primeira vez, os cinco cavaleiros do Ataque dos Sonhos em campo e foi o detalhe histórico dessa partida.

A mudança deu mais liberdade para Zito articular as jogadas e marcar o gol que colocou o Santos em vantagem pela primeira vez. Odorico, pela Portuguesa, acabou empatando e assim terminou o jogo.

A magia de um time

Porém, foram necessários mais dez jogos, três no Brasil e sete na Europa, para que o técnico Lula decidisse iniciar uma partida com os cinco como titulares. Hoje isso pode parecer uma heresia, mas a verdade é que o Santos tinha tantos bons atacantes, que encontrar a formação ideal não era fácil. Para cada posição, com exceção de Pelé, havia outro jogador tão bom quanto o titular.

Na ponta-esquerda havia o carioca Tite, 29 anos, que tanto podia armar as jogadas como concluir a gol. Técnico, experiente e versátil, ele também podia atuar em outras posições do ataque. Viera do Fluminense no início dos anos 1950 e se tornara fundamental no Santos bicampeão paulista em 1955/56. Chegou a fazer três jogos pela Seleção Brasileira em 1957. No Alvinegro Praiano faria 475 jogos marcaria 151 gols.

O habilidoso Pagão, 25 anos, que Coutinho considerava o seu espelho como centroavante, só não era titular quando estava machucado, o que ocorria sempre, a ponto de ser apelidado de “Canela de Vidro”.

Também para o comando do ataque e para a meia havia o tarimbado Ney Blanco. Depois de começar no infantil da Portuguesa Santista, Ney vestira as camisas de Jabaquara, Fluminense, São Paulo, Palmeiras… Enfim, era um jogador que, quando escalado no lugar de Mengálvio, não decepcionava.

Para a meia, Lula contava, ainda, com o exímio lançador e cobrador de faltas Jair Rosa Pinto, mas o carioca de Quatis já tinha 39 anos e não atuava mais em todas as partidas. Além desses, havia aquele que era o titular da ponta-direita naquele início de 1960: o descendente de italianos Angelo Sormani, de 21 anos, um atacante habilidoso e ambidestro nascido em Jau, que em 1961 seria contratato pelo Mantova e a partir daí faria fama no futebol italiano.

Quando Sormani foi para a Itália, entretanto, em meados de 1961, o rápido e driblador Dorval já era o preferido de Lula para vestir a camisa sete; o clássico maestro Mengálvio não tinha concorrentes na oito; o hábil, cerebral e oportunista Coutinho, alma-gêmea de Pelé, era o dono da nove, e Pepe, com o seu canhão, havia se apoderado da onze.

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe iniciaram 97 partidas pelo Alvinegro Praiano, das quais obtiveram 68 vitórias e marcaram 314 gols, média de 3,23 gols por jogo. Nos três anos em que mais atuaram, entre 1961 e 1963, fizeram 74 jogos e marcaram 254 gols. Destes, Pelé marcou 118; Coutinho, 79; Pepe, 57; Dorval, 30 e Mengálvio, 11 (os cinco também atuaram, juntos, em três jogos da Seleção Brasileira).

O quinteto espalhou a magia do futebol bonito e ofensivo por 18 países das Américas, Europa, África e Oriente Médio. No Brasil, jogou 47 vezes; na França, nove, e na Itália, oito. Os três estádios em que mais se apresentou foram: Pacaembu, 17 jogos; Vila Belmiro, 10, e Maracanã, nove.

 

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