Quase nunca a gente sabe quando será a última vez.

Mas, quando se sabe, o sabor é bem melhor.

Como o que irá acontecer quando Felipe Massa deixar seu carro no próximo domingo, encerrando sua carreira na F1.

Ele saberá que será como raspar o fundo da panela de brigadeiro.

A lambida derradeira no doce mais gostoso do mundo.

Ninguém, quando come um brigadeiro, imagina que aquele possa ser o último de suas vidas.

Se soubesse, aproveitaria muito mais...

Verdade seja dita, Massa já provou esse sabor no ano passado, quando pensou que estaria fazendo seu último GP.

Não foi. 

Sorte dele, que terá a chance para mais um deleite, em Abu Dhabi.

Confesso, se fosse eu, preferira outro lugar.

A nababesca Yas Marina não me encanta nem me emociona.

É pasteurizada, insossa.

Pior: corrida à noite, com luzes artificiais.

Ocasiões especiais assim, a exemplo do último beijo, deveriam trazer o Sol como testemunha.

Um céu azul. De brigadeiro...

Eu, por exemplo, lembro dos meus últimos beijos naquelas que um dia foram, pela ordem,  Princessa e Bella.

Naqueles dois dias iluminados eu não tive a menor ideia que estava provando os sabores mais doces da minha vida.

Imagem (parcial) de "O Beijo", de Gustav Klimt, (1907-1908)

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