França, Bélgica e a decepcionante Alemanha estavam melhor. Foto: Toru Hanai/Reuters

França, Bélgica e a decepcionante Alemanha estavam melhor. Foto: Toru Hanai/Reuters

Por João Antonio de Carvalho

Preferi  deixar passar um tempo da eliminação do Brasil para fazer um balanço da sua participação na Copa do Mundo e no futuro da seleção brasileira.

Por ser o brasileiro um povo muito otimista, a maior parte da população, e muita gente da imprensa também, colocou o país como um dos favoritos a ganhar a Copa. Que o Brasil tinha chance, isso era real, mas daí a ser favorito ia uma distância muito grande.

Eu entendia que três seleções estavam à frente, duas que chegaram nas semifinais, França e Bélgica, e a Alemanha, que para mim foi a grande decepção do mundial. Todas tinham estrelas em todos os setores do time, mas apenas os alemães negaram fogo.

O Brasil, por ter Neymar, entraria numa segunda lista, que tinha também a Espanha, pela regularidade dos últimos meses, e ainda Portugal e Argentina, devido a Cristiano Ronaldo e Messi.

E finalmente vinham os candidatos a azarão, como Inglaterra e Croácia, que surpreenderam de forma positiva, e outros como Uruguai e Suiça, que chegaram onde podiam.

O resultado do Brasil então foi normal, após uma primeira fase onde o time começou a jogar na segunda rodada, fez um grande jogo contra o México nas oitavas e foi eliminado por uma Bélgica nitidamente superior taticamente, e mesmo assim onde o resultado poderia até ser diferente, se não fossem o goleiro Courtois e as chances perdidas.

Se o Brasil estivesse no outro lado da chave teria mais chances de chegar na final, mas mesmo assim seria mais pelo nível técnico dos adversários do que pela sua própria força.

Mostramos um goleiro que não foi exigido e quando a bola foi para o gol entrou. Dois laterais pela direita que não comprometeram mas ficam muito longe de ser uma unanimidade e um Marcelo sem condições normais no jogo contra a Bélgica. Filipe Luiz quando entrou não comprometeu.

A zaga teve a segurança de Thiago Silva e Miranda, mas acabou sendo pouco frente aos erros do time, que teve uma atuação horrível de Fernandinho quando ele pegou a vaga do suspenso Casemiro, que fez muita falta.

Paulinho fez um belo gol contra a Sérvia e andou se arriscando no ataque, mas na sua função é um jogador limitado, que nem marca tão bem e nem é um craque refinado, como Phillipe Coutinho, que iniciou bem a Copa mas caiu nos jogos decisivos.

No ataque Gabriel Jesus foi muito apagado, e não funcionou na função de centroavante, cujo principal atributo é marcar gols, algo que até Roberto Firmino, em poucos minutos, conseguiu fazer.

Willian teve grande atuação contra o México, mas nos outros jogos irritou a torcida, que gostou mais da vibração de Douglas Costa, que se não é também um primor, sempre que entrou correu muito e tentou mudar alguma coisa.

E finalmente Neymar, que veio de uma contusão grave, claramente não estava na sua melhor forma, foi muito bem marcado, levou muitas faltas, mas novamente deixou a desejar em algumas situações, com cair demais, se mostrar irritado e não ser o líder que uma equipe precisa.

Com tudo isso, fica claro que o trabalho de Tite foi regular. Começou muito bem, tirando a equipe de uma péssima classificação nas eliminatórias, mas sendo muito teimoso em algumas situações, montando uma “Família Tite”, nos moldes do que fez Luiz Felipe Scolari.

Como sempre faltou a ousadia de abrir mais o leque na hora das convocações e aproveitar a fase de jovens jogadores, que poderiam mudar alguma coisa no time. Parece que dar chance a Lucas Paquetá ou Vinícius Junior poderia colocar em risco a convocação de alguns dos queridinhos do treinador.

E ainda foram poucos testes que valiam a pena. Foram apenas cinco jogos contra times europeus, aqueles que vem derrubando a seleção em mundiais desde 2006. No primeiro contra a Inglaterra ainda em formação, um empate de 0 a 0. Depois vitórias contra a Rússia, que não estava ganhando de ninguém, e contra o time reserva da Alemanha.

Finalmente antes da estréia um bom teste contra a Croácia, e uma vitória tranqüila contra a Áustria, que não estava na Copa. Enquanto isso, as principais seleções do mundo cansaram de jogar entre si. De 2017 até o início da Copa, a França, por exemplo, enfrentou Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália.

Vem aí um novo ciclo, que deve ter a permanência Tite, mas com a certeza que 80% desse grupo não estará no Qatar em 2022. O que esperar dessa nova geração?? Vou deixar para a próxima postagem o que eu penso do futuro do futebol brasileiro, por enquanto deixa a CBF juntar os cacos.....

SOBRE O COLUNISTA

Jornalista com passagens pela Rádio Jovem Pan, Sportv e Fox Sports é especialista em esportes olímpicos.

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