Todas as vezes que foram implementadas mudanças significativas no regulamento técnico da Fórmula 1 o cronômetro foi o "dedo duro" a acusar, de imediato, quem estaria no pelotão da frente e aqueles que comeriam poeira.
A próxima temporada será implacável.
Carros menores, aerodinâmica distinta e motores bem diferentes.
Soma-se a este trio de pratos principais, a sobremesa: o combustível sintético.
Sim, caros e caras, será uma revolução dos diabos.
E quem tem mais chance de "acertar a mão"?
Não vou enrolar, com a chance enorme de cair do cavalo: a Aston Martin.
O time inglês, que flertou com o sucesso em 2023, com Alonso subindo frequentemente ao pódio e terminando o Mundial em quarto lugar, trocou seu par de asas, símbolo da marca, para um crustáceo: o caranguejo, o simpático bichinho que anda de lado.
Mas a Aston Martin contratou o melhor "chefe de cozinha" disponível no marcado, Adrian Newey, o sujeito capaz de, a partir de uma folha em branco, desenhar o melhor carro de todos.
Soma-se a ele a chegada do motor Honda, que depois daquele recomeço claudicante na McLaren há alguns anos, virou a página e se tornou um dos melhores do grid.
Sim, todos os motores serão diferentes, mas a Honda parte de um bom ponto, e isso pode fazer muita diferença.
Fechando a "conta" da Aston Martin, um veterano piloto que ainda tem lenha para queimar: Fernando Alonso.
Ninguém entende muito bem como o espanhol, hoje com 44 anos, ganhou "só" dois títulos mundiais na F1.
Talvez seja o ano derradeiro para ele entrar no seleto elenco dos tricampeões.
Seria sensacional, em um mundo que ainda teima em andar de mãos dadas com etarismo, vê-lo no topo novamente.
Intramuros dizem que a Mercedes está preparando um motorzão.
Se for verdade, sorte da própria equipe Mercedes e daquelas que contarão com sua engenhoca: McLaren, Williams e Alpine.
E com carros tão diferentes e motores idem, a chance de um abismo bem grande de desempenhos é real.
A Ferrari, que segundo o próprio Hamilton largou mão do atual carro desde abril, também deve estar trabalhando com vigor para apagar seus últimos anos de infortúnios.
Motor, em sinal de respeito a Enzo Ferrari, deve ser a principal preocupação do time de Maranello.
Eram outros tempos, mas ele, entre outras frases, soltou a seguinte pérola:
"A aerodinâmica é para os fracassados, que não sabem fazer motores", dizia.
Já que falei em um italiano, chego agora em um amigo, para mim muito mais importante que Enzo Ferrari: Claudio Carsugni.
Um dos seus "bordões", até hoje repetido por ele é "clamorosa surpresa".
Tomo emprestado dele a expressão para dizer que será uma clamorosa surpresa se a Audi não comer o pão que o diabo amassou em 2026.
Prevejo um ano complicado para a dupla Hülkenberg-Bortoleto.
A marca das quatro argolas se autoproclama vitoriosa no automobilismo (o que é verdade), com triunfos de peso no rali, provas de endurance e nos carrinhos elétricos da Fórmula E.
Explico minha descrença na fábrica de Ingolstadt.
A Fórmula 1 é uma categoria diferenciada.
Muito diferenciada.
É o topo da engenharia em matéria de performance de carros de corrida.
E o time fez uma aposta arriscada, com motor e caixa de câmbio próprios.
Impossível não retomar a história da Toyota na Fórmula 1, que torrou milhões entre 2002 e 2009 e não venceu um único GP.
Nunca apostei um centavo em nenhuma casa de apostas, mas se fosse apostar um dólar furado na "lanterna" do Mundial de 2026 eu colocaria na Audi.
Até a Cadillac (entenda-se Chevrolet), estreante de verdade (afinal a Audi nada mais é do que a velha e medíocre Sauber), deverá ser melhor.
Formou parceria com a Ferrari como fornecedora de motor e câmbio, uma solução racional até o dia em que estes sejam de sua própria lavra.
Quem quiser apostar, fica a dica...
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