De sorriso simpático, olhos miúdos, cabeça calva e sotaque castelhano Abraham Katzenelson era uma das figuras mais carismáticas dos bastidores do boxe e também foi uma das mais influentes no passado.

De sorriso simpático, olhos miúdos, cabeça calva e sotaque castelhano Abraham Katzenelson era uma das figuras mais carismáticas dos bastidores do boxe e também foi uma das mais influentes no passado.

De sorriso simpático, olhos miúdos, cabeça calva e sotaque castelhano Abraham Katzenelson era uma das figuras mais carismáticas dos bastidores do boxe e também foi uma das mais influentes no passado. Seu coração deixou de bater no dia 14 de setembro, tinha 95 anos e foi diagnosticado com pneumonia.

A imagem de Éder Jofre conquistando o cinturão dos galos em 1960 com um nocaute no 6º assalto sobre o mexicano Eloy Sanchéz entrou para a memória do esporte mundial e sagrou o menino do Peruche como herói nacional. Katzenelson fez parte desta história que também é a do primeiro cinturão mundial de um brasileiro. O país depois teria mais outros três reis apenas e nenhum como Éder.

"Foi um grande empresário, homem correto. Quantos lutadores não querem chegar ao cinturão mundial, e eu tive sua ajuda para alcançar este sonho? declara Éder Jofre ao Terceiro Tempo.

Nascido 25 de maio de 1917, o imigrante lituano viveu na Argentina até 1952, e então veio para o Brasil. Começou como empresário do cantor argentino de boleros Gregório Barrio e também gerenciou a carreira de Ângela Maria, nome de respeito da música brasileira.

Outro feito de Katzenelson foi promover junto do empresário de entretenimento Marcos Lázaro em Brasília no ano de 1973 a luta em que Jofre conquistou o seu segundo cinturão mundial. A vitória sobre o cubano radicado espanhol José Legra, tido como uma versão miniatura do lendário pesado Cassius Clay, lhe rendeu a coroa dos penas.

Katzenelson viveu a maior parte na vida no bairro de Santa Cecília, em São Paulo e sua a casa foi alojamento para pugilistas como o os desafiantes à cinturões mundiais Peter Venâncio e Giovani Andrade, ambos do Brasil, e o argentino Juan Diaz, membro da equipe olímpica de seu paí.

"Sou muito grato ao Sr. Abraham Katzenelson, me trouxe da Argentina depois dos Jogos Olímpicos de Seul 1988?, lembra Diaz que fez suas lutas iniciais sob a tutela do manager e hoje é professor de boxe no Brasil. Soube do falecimento do antigo mentor um mês depois, na data estava sendo homenageado em sua terra natal.

Nos anos 1970 a casa abrigou a firma de pugilismo Bel-Box, que tinha como um de seus sócios Abraham Katzenelson, também já foi pizzaria com decoração temática da nobre arte.

"Ele foi o maior promotor de boxe que o Brasil já teve. Colocou em 1961, 15 mil pagantes no ginásio do Ibirapuera batendo o recorde de bilheteria dos esportes em São Paulo que só foi superado dois anos depois num jogo Corinthians x Palmeiras", conta Sidnei Dal Rovere que disputou o cinturão mundial dos super-penas por meio dos contatos do empresário.

Além de Jofre, Dal Rovere, Venâncio, Diaz e Andrade outros lutadores brasileiros foram guiados por ele e até disputaram cinturões como Luizão, Francisco Tomas da Cruz, José de Paula, Raimundo de Jesus e José Severino.

Mesmo com mais de 90 anos e com visão fraca não desistia de investir no boxe. No fim melancólico, o veterano não podia atuar mais como manager, a audição estava prejudicada e o impossibilitava de fazer ligações telefônicas internacionais. O filho e também manager Mauro Katzenelson o "transformou? em treinador.

Seu conjunto de terno, gravata e bengala contrastava com a humildade da academia improvisada nos fundos de uma clínica para exames médicos para tirar carteira de motorista. Em uma edícula na qual só tinha um saco de boxe seu último pupilo foi o cearense Joaquim Carneiro. Katzenelson via nele um futuro Éder Jofre.

Carneiro após a 10 vitórias consecutivas pela via rápida sofreu 5 derrotas em sequência em lutas na Itália, Rússia, França, Espanha e Portugal, uma verdadeira turnê da dor e um retrato do boxe nacional atual. Voltou a reencontrar as vitórias na temporada passada. Mauro Katzenelson, filho do lendário pugilista ainda não encontrou o mesmo sucesso do pai.

Imagem: @CowboySL

Crédito da foto: Felipe Denuzzo

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