Ao mesmo tempo que cutucava a diretoria, Vanderlei mostrava diplomacia e respeito

Ao mesmo tempo que cutucava a diretoria, Vanderlei mostrava diplomacia e respeito

Vanderlei Luxemburgo chegou ao Flamengo na 12ª rodada do Campeonato Brasileiro com a missão de salvar o "lanterna" de um rebaixamento que se aproximava a cada jogo. Tranquilo e sempre lembrando a missão de fugir da "zona da confusão", surpreendeu a todos com uma campanha de aproveitamento (60%) superior ao de times que estão no G-4, livrou o Rubro-negro com quatro rodadas de antecedência e foi tratado como ídolo pela torcida.

Em 22 jogos, foram 40 pontos, com 12 vitórias, quatro empates e sete derrotas. O rebaixamento que atormentava elenco, diretoria e torcida foi tirado do vocabulário muito antes do fim do torneio.

O excelente retrospecto, somado à missão cumprida, transformou o treinador na grande solução do Flamengo em 2015. No entanto, ao mesmo tempo, representou um problema para a diretoria nos bastidores.

Vanderlei ficou "grande", aproveitou o crescimento no período e passou a cobrar a cúpula do clube. No último domingo, após a vitória sobre o Coritiba por 3 a 2 que determinou o fim das chances matemáticas de rebaixamento, utilizou a entrevista coletiva para pedir soluções sobre o seu contrato e reforços para 2015.

Obviamente, o presidente Eduardo Bandeira de Mello foi diplomático e respondeu bem às solicitações do técnico que acabara de ser ovacionado pela torcida. Internamente, no entanto, os dirigentes não escondiam o incômodo com o comportamento do treinador.

A pressão exercida por Luxemburgo não caiu bem na diretoria, que sempre fez questão de comandar o clube "de cima para baixo". Cobranças diante da imprensa fugiam da "cartilha" adotada pelos cartolas.

"Profissionalmente, ninguém trabalha no Flamengo para sair da confusão. E a diretoria sabe disso. Espero que em 2015 seja diferente, e que as perguntas sejam sobre vitórias e títulos. Não queremos chegar aos últimos jogos pensando em rebaixamento novamente", disse o técnico.

Por fim, ao mesmo tempo que cutucava a diretoria, Vanderlei mostrava diplomacia e respeito.

"Muitos dizem que tenho pretensão política aqui. Isso não existe. Enquanto eu for funcionário, não pensarei nisso. Fui contratado por uma diretoria na qual não votei na última eleição. Não sou candidato a nada. Nem posso me posicionar politicamente. É uma questão moral. Não tenho envolvimento e nem vou votar ano que vem [eleição presidencial do Flamengo em dezembro de 2015]. Sou funcionário e não tenho direito de me posicionar de forma alguma. Respeito muito esse grupo que comanda o clube hoje", finalizou.

Foto: UOL

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