Um dos primeiros nordestinos com destaque na Seleção

Um dos primeiros nordestinos com destaque na Seleção

Por mais corajoso e bravo que tenha sido o nosso Aluísio Francisco da Luz, o apelido que virou nome e marca registrada que o acompanhou por toda a sua vida não vem da semelhança física com a raça indígena. 

Em meados dos Anos 1940, época em que o garoto Aluísio conseguia uns trocados para assistir a filmes no Rio de Janeiro, o faroeste nem era a bola da vez. Quem estava em alta eram Chaplin e Carmen Miranda. Walt Disney já havia até criado o personagem Zé Carioca, em homenagem ao Brasil. Mas, na mente de Aluísio, estavam fixados os personagens dos filmes de faroeste, como o herói mascarado Zorro e seu cavalo, ou o norte-americano Jesse James, um fora-da-lei. 

Surpreendentemente, era pelos índios e suas performances nos filmes que ele era fascinado. Especialmente pelas cenas de batalhas contra a cavalaria norteamericana. Ele ficava encantado como os índios eram guerreiros, na maioria das vezes em menor número, mas sempre os mais valentes. Ao final das sessões, Aluísio – desde sempre, brincalhão e feliz por natureza –, imitava os índios e, em pouco tempo, viria à tona o apelido que o acompanharia por toda a vida: Índio.

Ao longo dessa jornada sobre a história, a carreira e os feitos realizados no futebol por Índio, entre anos 1950 e 1965, época da sua atuação como jogador profissional, teremos um grande companhia. Uma espécie de participação especial do próprio Índio, na sua última entrevista, concedida ao CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getulio Vargas, dentro do projeto Futebol, Memória e Patrimônio, em julho de 2011.

O mundo está cheio de heróis mas, a maioria deles, anônimos ou esquecidos. Índio foi um desses heróis brasileiros, quase anônimos e esquecidos por um Brasil gigante e continental. É difícil e, ao mesmo tempo, muito fácil saber o porquê de Índio não ter sua carreira mais amplamente divulgada, colocada numa vitrine e massificada como a de outros grandes jogadores da mesma época. Seja porque ele não quis, porque não soube ou, simplesmente, por motivos outros.  

É intrigante tentar entender como um jogador, com reconhecido destaque, desde a sua estreia como profissional, personagem frequente das capas das revistas e dos maiores jornais em circulação da época, passe quase despercebido na história de um País fanático por futebol.

Numa época em que o futebol iniciava a sua saída do amadorismo, Índio, de fato, não teve quem tomasse conta da sua carreira. Perdeu o pai muito cedo e aceitava, humildemente, o que diziam o que ele valia. Não ter tido o pai ao seu lado, ou mesmo um irmão, um amigo para apoiar e cuidar da sua carreira, principalmente no início, coisa comum desde os primórdios do futebol, fez com que Índio fosse levado a percorrer caminhos injustos, que se refletiram em condições de trabalho e contratos financeiros que poderiam ter sido bem melhores.

“Eu nunca soube fazer contrato, sempre saía perdendo. Hoje em dia, admiro os jogadores terem um procurador; isso está muito certo. Eu não tinha ninguém para recorrer e tinha que aceitar o que eles [os diretores] diziam” — afirmava.

O fato é que eram outros tempos no Mundo e no futebol, tempos em que não havia, por exemplo, a internet. Imaginem a dificuldade para obter informações e ampliar conhecimentos? Como um treinador de futebol conseguia acompanhar um jogador selecionável, atuando fora do Brasil? Imagine a dificuldade da imprensa da época em noticiar para todo o nosso imenso País?

 

 

 

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