Fábio Piperno (twitter @piperno)

O humor do técnico Ricardo Gareca com o meia Cueva foi um grande reforço para o São Paulo. O peruano jamais foi um exemplo de comprometimento. Acreditar que apenas o pedido de perdão aos torcedores e os brios feridos pelos puxões de orelha seriam suficientes para fazer dele um esportista exemplar é querer se enganar. Melhor mesmo é confiar na pressão, para não dizer ameaça, feita pelo argentino que dirige a seleção peruana.

Com mais prestígio entre os peruanos do que o presidente PPK e a opositora Keiko Fujimori, Gareca enviou recado seco e direto ao meia Tricolor, uma espécie de Macunaíma Inca. A mensagem foi no tom "se quiser ir para a Copa, é preciso jogar bem no clube". Assim, a indolência do jogador passou a jogar contra ele e a colocar em xeque a presença, antes certa, na Rússia.

O técnico sabe que o Peru precisará de Cueva na Copa, assim como é óbvio que Dorival não tem dúvida que a criatividade do camisa 10 é necessária para o atual São Paulo de talento escasso. Os dois, o argentino e o brasileiro, se encontraram no final de semana. Gareca inclusive esteve no Morumbi para monitorar de perto o retorno de Cuevinha, como o jogador é chamado no Peru. Deve ter gostado do que viu.

Em campo, Cueva não foi perfeito, mas ao menos se dedicou. Só entrou no segundo tempo, mas a recuperação da titularidade no time de Dorival deve ser questão de pouco tempo. No 4-2-3-1 Tricolor, certamente renderá mais como o meia centralizado. Quem sabe, com Marcos Guilherme à direita, Nenê à esquerda e Diego Souza à frente.

Até por conta da pressão Gareca, Cueva deverá andar na linha no primeiro semestre. Ótimo para o São Paulo. E que o pós-Copa venha rapidamente. De preferência com alguma proposta do exterior pelo futebol do Macunaíma Inca. Que seria excelente para todos.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net