Elias está sem jogar desde o fim do ano passado, quando deixou o Flamengo, e só treina no time B do Sporting

Elias está sem jogar desde o fim do ano passado, quando deixou o Flamengo, e só treina no time B do Sporting

Corinthians e Flamengo passaram os últimos dias tentando ter Elias de volta, mas a briga maior parece ter sido entre o próprio jogador e o Sporting. Para se livrar do clube português, o volante fez força, negociou, manifestou interesse e brigou até o último instante. Os cartolas europeus responderam dando muito trabalho a todos. Com contrapropostas milionárias, uma ligação confusa com seus sócios, aumentos inesperados e muitos recuos, eles venceram mais uma batalha contra o atleta por conta do fechamento da janela de transferências.

Elias está sem jogar desde o fim do ano passado, quando deixou o Flamengo, e só treina no time B do Sporting. O volante e seu estafe têm uma péssima relação com a atual diretoria do clube, de quem cobram uma dívida na Fifa. Mais que isso, se incomodam com a falta de perspectiva, já que o jogador ficará longe dos gramados pelo menos até o meio do ano, quando a janela de transferências reabrirá.

A jogada de toalha de Corinthians e Flamengo na última terça encerrou uma novela que, para os paulistas, começou há cerca de 40 dias. Elias tinha salários acertados com o clube do Parque São Jorge, que desde então vinha conversando com o Sporting. O papo só esquentou, porém, no fim da semana passada, quando os portugueses fizeram o primeiro pedido a Elias.

Para negociá-lo com o Corinthians, o Sporting exigia que o volante abrisse mão do que tem para receber, cerca de R$ 2,3 milhões, segundo Eliseu, pai de Elias, que aceitou. Durante o fim de semana, o clube do Parque São Jorge ofereceu cerca de 3 milhões de euros (R$ 9,3 milhões) parcelados e ficou sem uma resposta definitiva dos portugueses.

No domingo, o Flamengo acenou com uma quantia maior e recebeu sinal verde. Elias foi consultado e não concordou com a situação. Pediu que o Corinthians fosse informado da situação para que tivesse, ao menos, o direito de igualar a proposta. Foi exatamente o que o clube paulista fez na segunda pela manhã, quando subiu a oferta para 4 milhões de euros (R$ 12,4 milhões) – paralelamente, os cartolas também pediam um empréstimo até o fim do ano.

O Sporting sumiu durante a tarde e só voltou a atender o Corinthians instantes depois do Flamengo, a essa altura colocado em "banho-maria", sinalizar que estava fora. Os portugueses, então, aceitaram a proposta do clube do Parque São Jorge. Durou pouco. O "sim" foi apenas para introduzir, pela primeira vez, o papel do fundo de investimentos que detém os outros 50% dos direitos de Elias.

O Sporting, ao mesmo tempo em que concordou com o Corinthians, disse que o clube deveria acertar também com Jorge Mendes, empresário que comanda o fundo. Para os paulistas, o negócio já não batia, já que eles teriam de desembolsar 8 milhões de euros ao todo, em vez de "apenas" 4 milhões de euros. Mesmo assim, os cartolas contataram Luizão, ex-atacante e representante de Mendes no Brasil.

Ouviram do ex-jogador que o fundo nada tinha a ver com a negociação e que o Corinthians estava livre para fechar com o Sporting. Foi o que o clube tentou fazer, reforçando a proposta na última conversa entre as partes na segunda. Na terça de manhã, o Sporting fez uma nova contraproposta surpreendente.

O clube português pediu 4 milhões de euros pelos 50% do fundo, criando um cenário em que manteria o seu percentual intacto. Além disso, pedia 50% dos direitos dos cinco jovens corintianos e 25% do valor de uma futura venda de Elias, caso ela ultrapasse 8 milhões de euros.

As cláusulas exigidas pelos portugueses também foram consideradas exageradas. Os europeus queriam três garantias bancárias de 1 milhão de euros, que Elias abrisse mão de todos as pendências financeiras que possui (cerca de R$ 2,3 milhões) e que o Corinthians pagasse os 5% do mecanismo de solidariedade da Fifa, que destina parte de uma transferência aos clubes formadores. Tradicionalmente, é quem recebe a verba de uma transação que repassa esse dinheiro, e não quem paga.

Caso qualquer uma dessas condições não fosse cumprida pelo Corinthians, os brasileiros teriam de pagar uma multa de mais 4 milhões de euros.

Era mais uma mudança no contato com o Corinthians, que dessa vez não cedeu. Depois de mais algumas tentativas de fazer o negócio sair por empréstimo, o impasse ficou insustentável e o Sporting encerrou as negociações, seguido pelos próprios paulistas, que anunciaram o naufrágio em seu site oficial. O Flamengo, que já via tudo de longe, fez o mesmo.

"Ele está muito chateado. Eu falei com a minha nora, esposa dele, com meu neto. Ele falou que está muito mal, estava abrindo mão de tudo. Estava fazendo de tudo para que pudesse voltar", lamentou Eliseu Trindade, que agora sentará com os advogados para decidir os próximos passos.

Não foi a primeira vez
A postura do Sporting não é uma novidade para o Flamengo. Há três meses, o clube da Gávea estava na mesma situação do Corinthians, cheio de esperança e igualmente acertado com Elias. O jogador chegou a retirar sua ação contra os portugueses para facilitar a conversa.

Não adiantou. O Flamengo se viu na mesma situação que o Corinthians, e seguidas vezes viu o Sporting rejeitar propostas que ele mesmo tinha sugerido antes. "O Sporting é brincadeira", disse Wallim Vasconcellos na última terça, ao sair da negociação atual.

Na época, assim como fez com o Corinthians, o Sporting tentou tratar o fundo de Jorge Mendes como empecilho. Da mesma forma que os paulistas, o Flamengo também tinham ouvido do empresário que ele não se opunha a uma negociação direta entre brasileiros e portugueses.

Sporting pode ter se lembrado da China?
No começo do ano, foi o Sporting quem se surpreendeu com Elias. Quando topou vender o volante para o Shandong Luneng, da China, o clube português contava que encerraria o problema. Em cima da hora, o volante recuou.

"No começo, Elias e o pai dele mostraram interesse no Shandong. Aí teve a negociação para que nós conseguíssemos chegar ao que o Sporting queria. Quando tudo estava certo, o pai do Elias disse que ele preferia voltar para o Flamengo, ou que o Shandong comprasse e o emprestasse por um ano ao Flamengo", disse Joseph Lee, empresário que intermediou a conversa.

No fim, a conversa naufragou. O Shandong, que estava em busca de um reforço para o meio-campo, acabou levando Montillo, do Santos.

FOTO: UOL

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