Há décadas, nos anos 90, em meio às ferrenhas disputas entre os rivais da época Grêmio e Palmeiras, reproduzi na íntegra nesta página “Terceiro Tempo”, então publicada no extinto “Diário Popular”, brilhante coluna do também saudoso jornalista gaúcho Paulo Sant´Ana (1939 – 2017).
Ela se intitulava “O olhar de Dinho”.
Foi logo depois de o Grêmio do volante Dinho ter eliminado o Palmeiras da Parmalat e de Djalminha do Campeonato Brasileiro de 1996.
Djalminha, hábil como Neymar hoje, no talento e nas firulas, quis intimidar o valente nordestino Dinho com jogadas de efeito e olhares irônicos e pretensiosamente desmoralizantes a cada disputa de bola.
Dinho não se intimidou, disputou e bateu forte no anulado Djalminha sem lhe dirigir uma única palavra durante todo o jogo.
Só o olhava fixo com o rosto fechado não emotivo típico de um cangaceiro de Alagoas ou de Sergipe, sua terra.
O jogo seguiu, Djalminha foi sumindo, o Grêmio ganhou e Dinho, eleito o melhor em campo, finalmente olhou com desdém o craque do Palmeiras que, cabisbaixo, quase chorava sentado no gramado.
Sant´Ana sentenciou: “Dinho acabou com Djalminha na bola e no olhar”.
O mesmo Paulo Sant´Ana que, no auge de nossos judocas e durante uma Olimpíada, escreveu: “As regras do judô me dão a mesma impressão das cordas do violão: jamais vou aprendê-las ou entendê-las”.
Eu também.
Mas, e daí?
Daí que nosso craque único Neymar precisa aprender e tirar urgentemente do rosto, em todo jogo, o seu pernóstico, mascarado, irritante e irônico olhar de pretensa superioridade em relação aos árbitros, auxiliares e zagueiros.
Recebeu um cartão, algo comum em seus jogos, sorri para “sua senhoria” como a medir sua estatura de Hércules para um pigmeu.
Sofreu uma falta qualquer, até depois de uma “piscinada”, olha para o zagueiro como a lhe dizer “você é um nada e eu sou tudo”.
Até quando?
Neymar, Neymar, o mundo te admira, mas você não é o dono dele.
E agora, no PSG, onde destruiu o vestiário, inventou a figura do “capitão só para ele”.
A quase toda falta que sofre, aciona Thiago Silva, melhor no francês do que na bola, para ir “avisar” o árbitro que “o Neymar, seo juiz, está apanhando muito, onde já se viu isso?”.
Ora...
É a “República Federativa do Neymar”, hoje baseada na França, mas já de olho em uma mansão qualquer em Madrid, terra do Real, seu próximo reinado.
Jogando com “colegas” que não o engolem, até por inveja, e contra timecos do futebol francês, hoje de segunda divisão, a Liga dos Campeões da Europa será o próximo norte de sua polêmica, brilhante e maravilhosa trajetória.
Se o PSG for eliminado pelo Real Madrid, algo provável em 73,27%, nada o segurará em Paris, penso eu.
Só que, indo para o Santiago Bernabéu, encontrará lá, por mais uns dois ou três anos, o Cristiano Ronaldo de estrelismo, gols e ego ainda mais expressivos que os seus.
Mas, por enquanto, esqueço o semblante deslumbrado de Neymar, o rosto de granito do sumido sergipano-gaúcho Dinho e me empolgo com o olhar de Bruna Marquezine.
É que fizeram uma pesquisa e constatou-se que Neymar faz muito mais gols nos períodos em que o casal “Brumar” está em campo, de bem e se amando.
Assim, Tite, por favor, leve só seus 22 preferidos, mas convoque também a Bruna Marquezine, nosso “23º jogador”.
Afinal, em 58 e em 62 o Marechal da Vitória Paulo Machado de Carvalho não levou a dona Guiomar, esposa do Folha Seca Didi para a Suécia e para o Chile?
“Sem ela por perto, ele não joga”, alegou.
Faça isso, Tite, já que com Bruna Marquezine “em campo” o hexa estará garantido, porque o moleque-estrela joga demais.
Ainda mais de coração cheio!
Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.
É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.
Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais
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