Sei que o maior problema em toda essa questão atende pelo nome de calendário. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Sei que o maior problema em toda essa questão atende pelo nome de calendário. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

No futebol brasileiro o perfil de atleta que tem destaque hoje pode ser dividido, de maneira geral, em duas categorias: jovens que acabaram de sair das categorias de base e medalhões que retornam da Europa ainda com alguma lenha para queimar. Claro que há exceções de bons jogadores que continuam por aqui no auge da forma técnica, física e motivacional que vai dos 26 aos 30 anos de idade.

Mas quero aqui dar uma ênfase nos jovens de qualidade. Aquele que o torcedor brasileiro tem a chance de ver alguns anos, ou as vezes até meses, com a camisa do seu time até que algum clube europeu venha e o leve a preço de banana.

Por mais que os tempos tenham mudado defender a seleção brasileira ainda é um sonho para qualquer atleta. Independentemente da categoria. Vestir a camisa amarela, com cinco estrelas no peito, é motivo de orgulho para qualquer um. E quando chega uma convocação como essa agora do novo técnico da seleção sub-20 André Jardine, para o Torneio de Toulon na França, há uma gritaria de torcedores, dirigentes e até de membros da imprensa pedindo o corte desses atletas.

Há vários pontos aqui. O primeiro é saber a vontade desses garotos. Alguém perguntou, por exemplo, para Pedrinho e Mateus Vital do Corinthians ou para o Antony do São Paulo se eles querem ficar aqui ao invés de representar o Brasil na Europa? Segundo ponto: como vamos cobrar desempenho das seleções de base nos torneios mais importantes se o técnico não consegue nem jogar, muito menos treinar, com o que ele tem de melhor? Muito fácil criticar Carlos Amadeo por não ter levado o Brasil ao mundial sub-20 neste ano. Só que jogo apenas uma perguntinha no ar: Vinícius Júnior seria liberado pelo Real Madri para jogar o Sulamericano? Acho que ele não foi liberado, né?!

Sei que o maior problema em toda essa questão atende pelo nome de calendário. Defendo que competições sub-23 e sub-20 sejam disputadas em Data-Fifa, mudando até de formato os classificatórios para Mundial, já que realmente pesa para uma equipe perder o seu atleta por vinte e cinco dias. Mas quero combater aqui a frase pronta de que `nossa geração é ruim´ ou a de que `não formamos mais atletas como antes´ com base apenas em resultados e desprezando todo o contexto.

Vou até mais além questionando se o técnico da seleção no último estágio da base não tenha que ser alguém com bagagem em equipes profissionais para saber gerir melhor um ambiente que terá em sua maioria jovens que já jogam Serie A de Campeonato Brasileiro e alguns até Ligas Europeias.

Que fique claro: concordo que não podemos ficar fora de três dos últimos quatro campeonatos mundiais da categoria sub-20, porém a análise tem que ser sistêmica. Não dá para pedir hoje a liberação de um atleta do Torneio de Toulon e amanhã cobrar título mundial.

SOBRE O COLUNISTA

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. Fluente em inglês e espanhol, atualmente estuda francês. Aos 18 anos, já trabalhava na Rádio Difusora de Jundiaí. Aos 20, já tinha um programa na TV Japi de Jundiaí. Na sequência, passou por Folha de São Paulo Online, Lance!, TV Band de Campinas... Saiba Mais

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