Não vai vencer o melhor. Vai vencer quem errar menos

Não vai vencer o melhor. Vai vencer quem errar menos

Certa vez ouvi que vence no futebol quem erra menos. Poxa, quer dizer então que não é quem acerta mais?! Claro que vai depender do ponto de vista. Mas passei a refletir sobre esse viés e, mesmo contrariando toda a minha formação também em Coaching que visa focar no positivo, passei a enxergar o erro de maneira muito mais didática no futebol. Até por ser um jogo de oposição o erro prevalece mais do que o acerto. Na relação defesa x ataque, por exemplo: são necessárias noventa, cem ações ofensivas para saírem dois, um, as vezes nenhum gol. Não só isso. Em contratações, se erra muito mais do que se acerta mesmo com todo o avanço da análise de desempenho. Em um ambiente caótico e instável, só os números não respondem tudo.

Contextualizo o erro no futebol para entender e explicar porque Corinthians e São Paulo farão a final do Campeonato Paulista. Não necessariamente eles foram melhores do que Santos e Palmeiras. Mas erraram menos.

O Santos fez uma partida espetacular diante do Corinthians no Pacaembu. Agressivo no ataque, com conceitos coletivos claros como amplitude, mobilidade, ultrapassagem, enfim, tudo o que norteia o Jogo de Posição do qual o técnico Jorge Sampaoli é um entusiasta estava alí. Porém uma equipe que finaliza mais de trinta vezes e faz apenas um gol viu o seu adversário errar menos. Que fique bem claro, a retranca corintiana de Fábio Carille não me agradou. Foi feia. Mas inegavelmente eficiente.

Já o São Paulo soube transformar sua fraqueza em sua maior virtude diante do Palmeiras. A fragilidade política, financeira, de títulos recentes, de grandes nomes (Pablo e Hernanes estavam fora) ou seja, todo um cenário de azarão fez com que a equipe crescesse e deixasse exposta a fragilidade do modelo de Felipão quando as individualidades não estão bem. É claro que houve o dedo técnico e tático dos parceiros Cuca e Vágner Mancini, como Hudson na lateral-direita, a opção pela ótima dupla de volantes Luan e Liziero, não jogar com um centroavante no segundo confronto para ter mais velocidade e etc. Porém foi no aspecto mental que o Tricolor errou menos que o Verdão. E olha que curioso, justamente o time que não vencia clássicos, que está há mais tempo na fila, foi o que deu um banho no jogo mental-confiança.

Em uma época de muito estudo e muita evolução no futebol os detalhes não podem passar batidos. Não vai vencer o melhor. Vai vencer quem errar menos.

Foto: Divulgação

SOBRE O COLUNISTA

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. Fluente em inglês e espanhol, atualmente estuda francês. Aos 18 anos, já trabalhava na Rádio Difusora de Jundiaí. Aos 20, já tinha um programa na TV Japi de Jundiaí. Na sequência, passou por Folha de São Paulo Online, Lance!, TV Band de Campinas... Saiba Mais

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