O São Paulo caiu na análise fria dos números

O São Paulo caiu na análise fria dos números

O futebol nunca foi um esporte unilateral. Nunca é apenas um aspecto que explica vitórias e derrotas. Toda vez que fragmentamos a análise nos aproximamos do erro. O jogo é técnico, tático, físico, emocional, espiritual e etc e mais outros tantos etcs. Por isso não cabe a meu ver, por exemplo, a mais nova polêmica criada: falar ou não de tática. Claro que devemos falar! Mas como meio e não como fim. Assim como quando se avançou no estudo da parte física não podíamos resumir o jogo a ver apenas quem corria mais ou estava mais forte. Uma análise integrada, sistêmica, multifatorial e transdisciplinar me parece a mais coerente para errar menos.

Vamos então, caro torcedor, falar de Alexandre Pato, novo (velho) reforço do São Paulo. Tecnicamente, acima da média. Fisicamente, razoável, com bons tiros curtos e explosão muscular interessante no drible mais longo. Taticamente, já podemos questionar se sem a bola ele consegue cumprir sua função. E indo para o lado mental, psicológico, espiritual e o que mais quiser usar para definir tudo o que compõe o caráter competitivo de um atleta, minha avaliação de Pato cai para patamares próximos do zero, sendo assim sua faceta mais notável.

Pato obteve, merecidamente, sucesso e reconhecimento muito rápido. Ainda adolescente já era campeão do mundo com o Inter e pouco tempo depois jogador do poderoso Milan. A expectativa era gigantesca. Seus atributos técnicos davam a impressão de uma carreira longeva no mais alto nível europeu e protagonismo com a seleção brasileira por pelos três Copas do Mundo. Não foi isso que aconteceu. Justamente pelo aspecto comportamental. Falta fome a ele, intensidade. Vontade de fazer além. Inconformismo com o mais do mesmo. Essas habilidades que não são técnicas e sim mentais são traduzidas em ações dentro de campo. De nada adianta Pato ser bom com a bola nos pés se ele não se movimenta, se ele não procura o jogo, se ele não `janta´ o adversário, se ele não entra em disputas de bola.

O São Paulo caiu na análise fria dos números. Ou talvez até no frissom que o nome dele ainda desperta. Porque realmente Pato fez muitos gols com a camisa tricolor em sua passagem anterior. Realmente ele causa um alvoroço na mídia e na torcida. Mas só isso não basta. Qualquer análise mais profunda e sistêmica indica que Pato não decidirá jogos e campeonatos para o Tricolor. Seu perfil e personalidade em nada se encaixam com a bravura que se espera em um clube que vive em crise e que não ganha nada há dez anos. Contratações impactantes podem dar mídia por alguns dias. Porém deixarão um vazio em campo e no caixa por vários anos. Não compensa...

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

SOBRE O COLUNISTA

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. Fluente em inglês e espanhol, atualmente estuda francês. Aos 18 anos, já trabalhava na Rádio Difusora de Jundiaí. Aos 20, já tinha um programa na TV Japi de Jundiaí. Na sequência, passou por Folha de São Paulo Online, Lance!, TV Band de Campinas... Saiba Mais

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