A discussão deve ir muito além sobre quem deve ser o centroavante

A discussão deve ir muito além sobre quem deve ser o centroavante

"O que você fez até hoje te trouxe até aqui. Para alcançar outros patamares é preciso fazer coisas diferentes e melhores". Essa frase tão conhecida no mundo do coaching e tão verdadeira e de fácil aplicação na nossa vida serve hoje para o Corinthians. A equipe do técnico Fábio Carille teve um padrão de atuação e performance suficientes para ganhar o Campeonato Paulista, passar pelas quatro primeiras fases da Copa do Brasil e pela fase inicial da Copa Sulamericana. Para desafios maiores, o time terá que produzir mais. Principalmente, na parte ofensiva.

A solidez da defesa corintiana não é novidade. As linhas compactas, invariavelmente em bloco médio e baixo, marcando por zona, flutuando sempre em bloco para o lado da bola já vem da década passada. No ano passado, com a saída de Carille, isso se perdeu um pouco, mas com alguns treinos, conversas e vídeos rapidamente o técnico do Timão retomou o padrão em 2019. O problema atual reside com a bola nos pés. Em momentos ofensivos - sejam eles de organização e/ou transição.

A discussão deve ir muito além sobre quem deve ser o centroavante. É claro que com um camisa 9 em boa fase as coisas tendem a ficar mais fáceis. Porém não podemos resumir a falta de poderio ofensivo do Corinthians a má fase de Boselli, a queda e lesão de Gustagol e a indefinição de posição de Vágner Love. Faltam ideias, conceitos e modelos de ataque aos comandados de Fábio Carille.

O desenho da equipe do meio pra frente ainda está indefinido. Não se tem muito clara qual a posição de Ramiro, que atuou enquanto Júnior Urso estava lesionado, não se sabe quem são os meias pelos lados do campo - Clayson tem sido o mais consistente - e por dentro, Sornoza tem jogado por estar numa fase menos pior do que Jadson e só agora ambos tem a concorrência de Régis, que estreou contra o Grêmio. Saliento a importância das peças individuais porque todo modelo deve ser construído a partir dos jogadores. É insano para qualquer treinador tentar impor suas ideias sem respeitar as características de quem vai executa-las.

Fábio Carille sabe muito bem que passou da hora de evoluir individual e coletivamente os mecanismos ofensivos do time. Seja qual for a maneira mais usual de atacar - posicional, jogo direto, contra-ataque, etc - ela deve estar somatizada nos jogadores, assimiladas como comportamentos para que sejam bem executadas em campo. Hoje, com esse jeito aleatório de atacar, o Corinthians será engolido por equipes melhor preparadas.

Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

SOBRE O COLUNISTA

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. Fluente em inglês e espanhol, atualmente estuda francês. Aos 18 anos, já trabalhava na Rádio Difusora de Jundiaí. Aos 20, já tinha um programa na TV Japi de Jundiaí. Na sequência, passou por Folha de São Paulo Online, Lance!, TV Band de Campinas... Saiba Mais

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